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A pensar em ti

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Minha antiga paixão,

Mais uma noite mal dormida,  sinto o calor da minha cama desfeita das muitas voltas de uma noite de insónia, ouço a chuva caindo lá fora com uma cadência ritmada, que soa dentro da alma e aquece por dentro, e eu penso em ti e na falta que me fazes. Antigamente fazias parte da minha vida diária e agora estamos tão distantes. Não sei o que nos aconteceu, porque motivo cresceu este abismo entre nós, mas sei que deixaste um vazio em mim, que mais ninguém pode preencher, só tu. Chegamos a passar várias horas seguidas juntas, de um enorme prazer, pelo menos para mim, em que nem nos apercebíamos do passar do tempo. A vida foi ingrata, corrompeu a nossa relação e separou-nos, mas estou determinada a recuperar-te! Escrita, volta para mim! Vamos viver mais algumas aventuras a dois.

Sempre tua,

MC

Como nasceu a minha paixão?

Eu sempre gostei de escrever e quando era adolescente e jovem fazia-o com imensa frequência. Assim como muitos amigos meus sentiam necessidade de correr, jogar à bola, desenhar, eu sentia um impulso para a escrita. Tinha um pequeno diário onde escrevia frequentemente os meus desabafos, era uma espécie de amigo virtual dos dias de hoje. Também escrevia poemas, onde tentava que os meus amores rimassem, mas cedo se começou a definir a minha forte tendência para o texto dramático.

Escrevi a minha primeira peça de teatro, com maior convicção do que estava a fazer, aos 15 anos. A minha professora de Língua Portuguesa do 10º ano, pediu-nos que escrevêssemos um texto sobre a personagem Carlos, da obra de Almeida Garrett, “Viagens na Minha Terra” e eu decidi escrever um texto dramático sobre o julgamento de Carlos, que surgia como sendo o réu. Lembro-me que passei imensas horas de um fim-de-semana a fazer esse trabalho, que me deu tanto prazer, que enchi folhas e folhas com um texto super extenso. Quando o entreguei à professora, ela ficou surpreendida com o volume e não disse nada, porque era muito simpática, mas imagino que deve ter pensado qualquer coisa como: “Será que esta miúda pensa que eu não tenho mais nada para fazer do que corrigir este monte de folhas mal alinhavadas?” A verdade é que passado uns dias me deu os parabéns pelo trabalho e me desafiou a encenar a peça para apresentar no final do ano letivo. E assim nasceu o meu vício… a minha paixão pela escrita e  pela encenação de peças de teatro.

Tenho plena consciência de que não escrevo bem, mas isso não me impede de o fazer cada vez com mais entrega e paixão. A escrita é um ato solitário, difícil, muito exigente que requer horas e horas de dedicação. É preciso ler e escrever muito para conseguir um dia, talvez, com sorte, escrever um texto com uma boa qualidade. Para além disso, na minha opinião,um texto nunca está terminado, é sempre um rascunho do rascunho seguinte.

Quanto à originalidade de um texto? Tenho uma opinião muito pessoal sobre isso. Eu atreveria-me a dizer que existem muito pouco textos originais, uma vez que a escrita é tocada por múltiplas influências. Quando eu leio um texto, que eu escrevi, eu sinto nele a presença dos livros que eu li, a essência dos filmes que eu vi, a musicalidade das canções que eu ouço…

SonharAcordada