Há cerca de 15 dias eu dei uma aula de Língua Portuguesa a uma turma do 5º ano, que iniciou com uma troca de opiniões sobre o título do texto que íamos ler e analisar nesse dia ” Um homem não chora”, de Alves Redol. A maioria dos alunos não concordava com este título, mas dois rapazes eram acérrimos defensores de que era vergonhoso um homem chorar. Todos argumentaram as suas opiniões e a aula foi decorrendo normalmente.
Hoje, quando abri o meu email tinha uma mensagem de uma aluna desta turma, que o fez de uma forma completamente espontânea, sem qualquer indicação da minha parte, que me deixou surpreendida e feliz. São momentos como este que me fazem recordar o motivo pelo qual eu escolhi ser professora. Aqui fica a mensagem da minha aluna de 10 anos de idade:
“Professora: Escrevi este texto para “contrariar” o autor Alves Redol, porque não concordo com o título do texto dele.
Todos choram
Para mim, todos podem chorar… todos devem chorar. Mesmo que timidamente, todos choram porque todos têm sentimentos. Quem não chora, para mim só pode ser um E.T. ou algo parecido. Há pessoas que pensam que os homens não podem chorar, mas eu acho e sei que é impossível que isso aconteça. Deitar lágrimas é bom, é uma das melhores formas de manifestar os nossos sentimentos. O choro é uma coisa que todos têm, e todos nascem com ele. O choro é como um braço, uma perna ou até o coração, faz parte de nós.”